30 anos de Street Fighter, parte 2 – O mundo de Street Fighter II

Começamos a segunda parte da série especial para comemorar os 30 anos de Street Fighter. Se você chegou aqui agora, talvez queira ler o primeiro artigo dessa série, onde falo do começo da franquia até o lançamento de Street Fighter II: The World Warrior.

Vamos seguir em frente com nossa história retomando exatamente do ponto onde paramos. O então novo jogo da Capcom havia se tornando um rolo compressor nas casas de arcade do mundo todo. Mas isso não significava que o jogo não pudesse receber melhorias. E como estamos falando de uma época sem patches e DLCs o negócio era lançar novas edições do jogo. No caso de Street Fighter a primeira evolução do game veio em março de 1992 com Street Fighter II: Champion Edition.

O destaque da “Champion Edition” eram os quatro chefes do jogo disponíveis como personagens selecionáveis. Outra alteração foi a possibilidade, até então inédita, de ambos os jogadores lutarem com o mesmo personagem em uma partida versus. Balanceamentos e ajustes finos na jogabilidade também foram introduzidos.

Em junho do mesmo ano o Super Nintendo seria o primeiro console caseiro a ganhar uma versão de Street Fighter II: The World Warrior. Usando um inédito cartucho de 16 Megas, ainda assim o título ainda sofreu alguns cortes para ser adaptado, como simplificação de cenários e músicas. Contudo o fato não foi problema — o que o pessoal queria mesmo era jogar Street sem torrar todo o dinheiro em fichas — e a primeira experiência caseira de Street Fighter 2 vendeu igual pãozinho quente. De acordo com a Capcom foram 6,3 milhões de unidades vendidas, sendo o terceiro jogo de maior venda da empresa até hoje (os dois primeiros são Resident Evil 5 e Resident Evil 6).

É mais ou menos nesse ponto que Street Fighter II virou arroz de festa. No mesmo ano de 1992 World Warriors ganhou versões para Amiga, Atari ST, Commodore 64, ZX SpectrumMSDOS. Nos arcades, já no mês de dezembro, o game de luta da Capcom recebeu sua terceira versão: Street Fighter II’: Hyper Fighting (ou Street Fighter II’: Turbo). Essa nova interação aumentou a velocidade do jogo, pedido antigo dos jogadores, trouxe novos ajustes de balanceamento e novos golpes: Chun-Li ganhou seu Kikouken, Dhalsim o Yoga Teleport e Ryu e Ken podiam executar o Shoryuken no ar.

Mesmo com tantos lançamentos em pouco tempo, a marca “Street Fighter II” se mantinha inabalável. Contudo, uma avalanche de concorrentes começavam a aparecer: Mortal Kombat, Fatal Fury, Art of Fighting, etc. Dois anos após o lançamento do segundo jogo, seria o momento de um eventual Street Fighter 3? Com certeza as expectativas seriam enormes e um erro poderia ser um golpe forte contra a desenvolvedora japonesa. Com todas essas variáveis a empresa resolveu ir para um caminho mais seguro.

Super Street Fighter II: The New Challengers

Em outubro de 1993 chega ao mercado Super Street Fighter II: The New Challengers. O game foi o primeiro da série na nova placa gráfica CPS-2 e isso já podia ser notado logo de cara. Os retratos, sprites de personagens e cenários foram todos retrabalhados, muitas animações refeitas e as músicas receberam um novo tratamento. Quatro novos personagens foram incluídos — Cammy, Fei Long, Dee Jay e T.Hawk. Toda a mecânica de luta foi refinada e a execução de combos ganhou ainda mais importância. Esse é um jogo que eu me recordo claramente de pirar forte quando via nos fliperamas, especialmente com aquela pequena animação do Ryu na abertura. A antiga, dos dois caras brigando na rua, foi aposentada nesta mesma edição.

Temos aqui aquela que seria a edição definitiva de Street Fighter 2, certo? Errado! Embora The New Challengers tenha feito um sucesso absurdo, menos de seis meses depois, em fevereiro de 1994, chegou aos arcades japoneses Super Street Fighter II X: Grand Master Challenge (Super Street Fighter II Turbo no ocidente). E, por incrível que pareça, essa quinta versão foi capaz de trazer ainda mais novidades, algumas que marcaram a série até os dias de hoje:

  • Introdução dos combos aéreos;
  • A velocidade do jogo, diminuída em “The New Challengers” foi aumentada novamente, se equiparando a Hyper Fighting;
  • Estreia da barra de Super e os Super Combos, também conhecidos como “especiais”. Nessa primeira aparição, eles não têm nome próprio, sendo só versões mais fortes de certos movimentos normais.
  • Um novo personagem secreto e misterioso, Akuma, um novo chefe final que entrava no lugar de M. Bison caso algumas condições fossem cumpridas durante a campanha.

Super SF II Turbo recebeu muitos elogios por tudo que trouxe, mas acabou não se tornando tão popular por, na minha opinião, ter ficado na sombra de “The New Challengers”, certamente pelo curto intervalo de tempo entre seus lançamentos. Mas a qualidade do jogo é inegável, tanto que anos mais tarde veio a receber um remake em HD para PlayStation 3 e Xbox 360.

Para fechar esse ano de 1994 na história da série, duas obras cinematográficas que valem ser mencionadas: o excelente Street Fighter II: The Animated Movie uma animação com qualidades que podem ser exaltadas até hoje; e aquela “bomba” do filme protagonizado pelo Jean-Claude Van Damme, que é errado de tantas formas que nem consigo listar todos os seus problemas.

Pior que o filme, só o jogo baseado no filme “Street Fighter The Movie: The Game” que traz os atores digitalizados, no mesmo estilo usado em Mortal Kombat. Sério, a existência desse jogo é a prova de que “sempre dá pra piorar”. De qualquer forma, são duas obras que mostram o quão grande o jogo da Capcom havia se tornando na primeira metade dos anos 90.

Aqui encerramos o ciclo de Street Fighter II. Depois de cinco versões principais, inúmeros ports para consoles e tantas outras adaptações para outras mídias, era hora da Capcom dar um passo a frente e tentar trazer algo totalmente novo da série. O que aconteceu a partir de 1995 nós falamos no próximo artigo. Até lá!



Bruce

Jornalista, Game Designer e perito na arte das piadas de qualidade questionável. Adora sofrer em soulslike, perder horas em jRPGs e passar a vida no Final Fantasy XIV

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