30 anos de Street Fighter, parte 3 – Alpha Plus Vs.: 3rd Strike

Saudações amigos! Estamos na terceira parte da série que conta um pouco dos 30 anos de Street Fighter. Como podem ver, esse é o terceiro artigo então caso tenham perdido algo podem ler os anteriores, que falam sobre a origem da série e sobre o sucesso de Street Fighter II. Agora vamos destrinchar um pouco a segunda metade dos anos 90, época de alguns spin-offs e do tão aguardado Street Fighter III. Vamos lá!

O ano é 1995 e jogos de luta são uma febre. Street Fighter ainda é um nome de peso mas já não é mais uma unanimidade com o crescimento de vários rivais poderosos. No ano anterior vimos Mortal Kombat 2 e sua base de fãs aumentado ainda mais com seus gráficos “realistas” e violência desmedida. A SNK evoluiu a passos largos com seus lançamentos e trouxe em 94 dois ótimos títulos: Samurai Shodown 2 e o ousado The King of Fighters 94, colocando os personagens de seus principais jogos para se enfrentarem em batalhas de 3 x 3. Killer Instinct, Virtua Fighter 2 e Tekken foram outros nomes que surgiram no ano que o Brasil ganhou o tetra.

A própria Capcom já trazia outras novidades interessantes para o gênero como X-Men: Children of the Atom e Darkstalkers. Com esse mundo de coisas novas chegando, não dava mais para “requentar” Street Fighter II. Só que, mais uma vez, a empresa optou em não mexer com Street Fighter III. Na verdade ela resolveu dar um passo para trás.

Street Fighter Alpha e outras ideias

Sob a responsabilidade de Noritaka Funamizo (que já estava no time desde Super Street Fighter II), foi lançado em junho de 1995 Street Fighter Alpha (ou Street Fighter Zero no Japão) que na cronologia da série se passa entre SF e SF II. As mudanças visuais foram drásticas, agora o jogo tinha um traço mais leve, remetendo a algo mais para o lado do anime. As cores eram mais vibrantes em uma mudança significativa em relação aos antigos jogos.

Street Fighter Alpha trouxe 13 lutadores, alguns já conhecidos na série: Ryu, Ken, Chun-Li, Sagat, M.Bison, Adon, Birdie (os dois últimos do primeiro Street Fighter) e Akuma (secreto). Pela primeira vez houve a participação de personagens da série Final Fight, Guy e Sodom, confirmando que ambos os jogos se passam no mesmo universo. Dos inéditos, Rose, Nash (o amigo de Guile morto por Bison) e Dan, outro personagem secreto que é uma piada com a SNK — reparem como ele é uma mistura de Ryo Sakazaki com Robert Garcia, protagonistas de Art of Fighting.

A jogabilidade também teve mudanças significativas. A barra de super agora possuía três níveis, os Super Combos tinham nome próprio e cada personagem possuia pelo menos dois. A força desses golpes era determinada pela força do botão pressionado (fraco, médio ou forte) e consumia níveis de barra da mesma forma. Assim, o jogador poderia optar por usar três Super Combos nível 1 ou um nível 3. Outras adições nos combates foram a defesa aérea, rolamento ao cair no chão e o sistema de contra-ataque.

 

No ano seguinte, em fevereiro de 1996, a Capcom lançou Street Fighter Alpha 2 que, a bem da verdade, é mais uma atualização do primeiro jogo do que uma sequência. Os próprios finais de alguns lutadores entregam isso. Quanto ao sistema de luta foram adicionados os Custom Combos que, quando ativados, permitem que qualquer sequência normal virasse um combo, e assim dando mais dano. Akuma e Dan não eram mais secretos e cinco novos lutadores entraram para a briga: Zangief, Dhalsim, Gen (de Street Fighter), Rolento (de Final Fight) e a inédita Sakura. Ambos os jogos foram bem recebidos, se tornando muito populares. As conversões para console, agora PlayStation e Saturn, eram muito mais fiéis aos fliperamas, o que ajudou bastante também no sucesso dessa nova empreitada da Capcom.

No mês de junho, dentro desse período “experimental”, um novo jogo pegou todos de surpresa: X-Men vs Street Fighter. Uma união improvável trouxe os personagens de ambos os universos com 17 lutadores em um jogo frenético com pulos enormes, magias gigantes e combos com inúmeros hits. Muita gente, incluindo esse que vos escreve pirou forte com essas máquinas. Nesse ponto a Capcom começava a criar uma nova tendência — batalhas entre times não eram novidades, mas nunca daquele jeito alucinante. E isso seria muito importante no futuro.

Ainda em 1996, a Capcom começou a olhar com mais atenção para outros jogos de luta 3D e achou que poderia colocar Street Fighter nesse barco. Foi assim que, em co-produção com a Arika lançou em dezembro Street Fighter EX. Não era uma obra prima, mas como um experimento usando a moda dos novos gráficos tridimensionais valia o esforço. No segundo semestre de 97 a versão de PlayStation foi lançada sob o nome de Street Fighter EX Plus Alpha.

Esse período após o lançamento de Super Street Fighter II Turbo acabou sendo um grande laboratório de ideias. Foi nessa época também que saiu Super Puzzle Fighter II X, um jogo “tipo Tetris” com os lutadores da série, para vocês verem como foi o passeio de Ryu e cia. Mas uma pergunta sempre batia à porta da produtora: “Quando teríamos Street Fighter III?”.

Finalmente Street Fighter III

Bom, ao mesmo tempo que todos os lançamentos acima chegavam ao público, Street Fighter III estava sendo desenvolvido e seu objetivo era ser um novo começo. Para tanto, a ideia original foi não usar nenhum personagem antigo da franquia, só lutadores novos, com Alex como novo protagonista. Esse conceito acabou vazando antes da hora e foi muito mal recebido pelo público, forçando a Capcom a tomar uma atitude e incluir Ryu e Ken no jogo, ainda que mantendo Alex como protagonista da nova trama.

Lançado em fevereiro de 1997 e usando a nova placa CPS-III, Street Fighter III: New Generation chegou e foi recebido com certo pé atrás pelo público. Tecnicamente o jogo era muito bonito, fazendo bom uso do hardware. Os sistemas de combate eram bons e exigiam perícia dos jogadores. Foi introduzido o “parry” que permitia ao jogador aparar um acerto, anulando totalmente o golpe recebido. Os especiais agora eram chamados de Super Arts e era necessário escolher um entre três possibilidades após selecionar o personagem.

O plantel de lutadores novos trazia certa estranheza. A falta dos personagens clássicos foi sentida e, no fundo, parecia que todos não passavam de “versões” dos antigos. No geral havia um sentimento de que faltava “algo”. Por mais que SF III fosse um bom jogo (e de fato é), não fez o suficiente para superar seus antecessores.

 

Street Fighter III

Poucos meses depois, em outubro de 1997, saiu Street Fighter III: 2nd Impact, uma revisão do título com a adição de três novos personagens: Hugo (de Final Fight), Urien e o “arroz de festa” Akuma. Essa edição também introduziu os EX Specials, golpes normais em versões mais fortes, ao custo de parte da barra de especial.

Dois anos depois, em 1999, uma terceira e definitiva versão seria lançada: Street Fighter III: 3rd Strike que traz o retorno de Chun-Li e outros quatro novos personagens. O título foi bem recebido e saiu mais ou menos na mesma época que campeonatos de jogos de luta começavam a tomar forma. Mas no geral já não era possível refazer aquela revolução esperada como aconteceu em Street Fighter II.

Por conta dessa recepção morna de Street Fighter III, a Capcom resolveu novamente dar aquele passo atrás e voltou a trabalhar com a série Alpha. Em junho de 1998 chegou Street Fighter Alpha 3 curiosamente ainda usando a placa CPS-II. Com um total de 28 personagens, o título trouxe todos os lutadores do jogo anterior e mais 10 novos, com velhos conhecidos como Blanka, Vega, Balrog, E.Honda e Cammy de volta.

O sistema de luta do jogo trouxe um “resumo” do que já havia sido usado na série até aquele momento, com três estilos diferentes que poderiam ser escolhidos antes da luta: Super (uma única barra), Standard (barra com 3 níveis) e Custom (barra só para Custom Combos). Outra novidade foi a introdução da barra de “Guard”, que mostrava quando o personagem estava a ponto de ter sua guarda quebrada, caso ficasse muito tempo só se defendendo.

Street Fighter Alpha 3 é um ótimo jogo mas olhando agora parece que ele foi mais uma “contenção de danos” do que algo pensando como uma evolução natural da série. Foi assim que a franquia começou a perder suas forças. Por sorte tivemos dois grandes “crossovers” com Marvel e SNK que ajudaram a levar a chama um pouco mais longe. Sobre eles e a “era sombria” dos jogos de luta, falamos no próximo capítulo.



Bruce

Jornalista, Game Designer e perito na arte das piadas de qualidade questionável. Adora sofrer em soulslike, perder horas em jRPGs e passar a vida no Final Fantasy XIV

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