Análise: The Cruel King and the Great Hero

Dizem lendas que um herói irá surgir para jubjulgar o terrível Rei Demônio e assim trazer paz uma vez mais. Só que nem toda história é simples assim e, as vezes, cicatrizes do passado podem levar essa história para outros lugares. É por essa linha que chega ao ocidente The Cruel King and the Great Hero, novo RPG de turno da Nippon Ichi Software. Disponível para PlayStation 4 e Switch, o game conta com narração em japonês e textos em inglês e japonês.

Talvez alguns olhem as imagens e lembrem de The Liar Princess and the Blind Prince, também da diretora Sayaka Oda, o que é ótimo. Esse estilo, que remete a um livro de história infantil, é muito bonito e fico muito feliz que tenha sido usado uma vez mais. São dois jogos independentes, sem ligação direta, mas que possuem essa conexão artística, que é maravilhosa.

The Cruel King and the Great Hero traz a história de Yuu, uma jovem garota que sonha em  ser uma grande heroína, tal como foi seu pai foi um dia. Ela nunca o conheceu de fato, mas sabe de todas as histórias pois elas são contadas pelo Dragon King, que cuida dela desde pequena e sempre fez questão de proteger e treinar Yuu para alcançar seu objetivo.

E assim o jogo começa, com Yuu começando a se aventurar pelo mundo. Para seguir o caminho de seu pai ela não deve ser apenas ser habilidosa com uma espada mas ajudar aqueles em necessidade e é isso que faz a história começar a girar. Preciso pontuar como é legal a perspectiva da Yuu que também trata o Dragon King como pai, possuindo um grande carinho pelos dois.

Um bom ponto para observar é que Yuu vive em uma vila de monstros e praticamente todas as nossas interações são com essa criaturas. Mas aqui eles não são por essência más. Tal como os humanos, e isso é dito no game, existem aqueles de boa e de má índole.

Isso é reforçando não só pela história principal como pelos “Atos de Bondade de Yuu”, missões paralelas no qual temos que ajudar nosso conterrâneos. É um conteúdo totalmente opcional, com pequenas histórias que nos ajudam a conhecer mais desse universo.

Sobre o gameplay, The Cruel King and the Great Hero é bem “clássico” e faz o arroz com feijão dos jogos de turno. Nosso grupo é composto por até 2 integrantes: Yuu e um segundo membro que muda conforme a progressão da campanha. Com o ganhar de níveis os personagens adquirem técnicas que consomem estamina, que funciona como MP. O diferente é que a cada turno todo mundo regenera 1 ponto. Há itens que aumenta essa taxa, mas em nenhum momento precisei usar desse recurso.

A movimentação se dá em mapas no estilo plataforma. O jogo incentiva certo nível de exploração pois alguns itens só podem ser alcançados usando habilidades de companheiros específicos. E é isso. Não tem distribuição de pontos, árvore de talentos, equipamentos lendários ou sei lá. E não há o menor problema nisso, porque The Cruel King não quer ser um RPG complicado, mas sim algo confortável. Um jogo para relaxar e acompanhar a história.

Por conta disso ele é um game que possui um ritmo lento, o que talvez na exploração de novos mapas possa cansar um pouquinho, somado às batalhas aleatórias. Em regiões nas quais Yuu está acima do nível, ela pode correr e os confrontos são diminuídos, o que ajuda bastante. Isso, junto com as missões paralelas citadas anteriormente, garante um bom tempo de gameplay, cerca de 10h.

Vale notar que durante os primeiros momentos o game faz questão de te ensinar cada detalhe, cada menu. Algumas coisas meio óbvias para jogadores experientes, mas que fazem The Cruel King uma ótima porta de entrada para novatos. Só uma pena que não tenha textos em português.

Já comentei no inicio do texto, mas vale trazer de novo a qualidade das ilustrações e direção de arte de The Cruel King and the Great Hero. Cada animação, cada mapa possui uma riqueza de detalhes maravilhosa. Reparem na screenshot acima, e vejam o Dragon King ali de fundo. No começo do jogo, como Yuu ainda está aprendendo a se virar, ele fica no fundo da tela só de olho para garantir o bem estar da “filha”. Mas não espere que ele vá invadir a tela, isso é algo puramente narrativo. É o tipo de detalhe que percebemos quando outros aspectos do jogo são pensados para enriquecer a narrativa.

Fechando tudo, por já conhecer o trabalho anterior de Sakaya Oda, tinha boas expectativas para The Cruel King and the Great Hero. E de forma geral todas elas foram atendidas. Para fãs de RPG de turno é uma ótima opção que não complica nossa cabeça com sistemas complexos e foca em uma bela aventura que nos cativa pela simplicidade.

Quer ver como foi meu primeiro contato com o jogo? Eu fiz ele em live lá na Twitch, me segue lá!

 

Análise produzida com cópia digital de PS4 cedida pela NIS America



Bruce

Jornalista, Game Designer e perito na arte das piadas de qualidade questionável. Adora sofrer em soulslike, perder horas em jRPGs e passar a vida no Final Fantasy XIV