Uma conversa sobre Final Fantasy VII Remake
Neste dia 10 de abril faz exatamente um ano que Final Fantasy VII Remake deu as caras para o mundo. Anunciado na E3 de 2015 durante a conferência da Sony, ele já era um jogo extremamente mesmo antes de sequer ser anunciado. Vocês podem imaginar a loucura quando sonhos viraram realidade…
Se passaram cinco anos e em 2020 finalmente pudemos de fato jogar esse que com certeza foi um dos jogos mais esperados da geração PS4. E como sabemos muito bem, muita expectativa pode ser uma faca de dois gumes, caso o jogo não fosse minimamente maravilhoso. Afinal estamos falando de Final Fantasy VII, um dos maiores jogos da história do mercado de games – não vamos entrar na discussão do melhor Final Fantasy, ok?
Pois bem, aproveitando esse primeiro aniversário do game, toda a incrível equipe do Mastermune resolveu falar um pouco sobre como foi essa experiência do Remake, o que esperávamos, o que gostamos e o que esperamos para o futuro. Ah, vão rolar spoilers, então cuidado se você não terminou. Aproveite o papo!
Para começar a conversa, é uma boa falar sobre a nossa relação com Final Fantasy VII!
Kushina: Eu sonhava em jogar Final Fantasy VII desde que vi a capa pela primeira vez na locadora que ia com meu irmão. Como o PlayStation era dele eu não podia jogar, a menos que ele deixasse, o que só acontecia quando ele queria jogar algum jogo coop. Em 2008 eu passei na faculdade e ganhei meu querido PS2 e só ai pude jogar de verdade o tão sonhado FFVII. Devorava ele sempre que tinha um tempinho! Desde então nenhum jogo superou minha paixão e dedicação. Okami e Final Fantasy XV até chegaram perto, mas não conseguiram superar.
Bruce: Nunca tive o primeiro PlayStation então quase não tive contato com os Final Fantasy que saíram para ele. A primeira vez que joguei o FF VII foi anos depois do lançamento, por emulador, e nem cheguei no final do primeiro CD, então nunca tive uma conexão forte com o game. Mas sempre soube de sua importância e como havia muita gente que o adorava. Mas para mim, acabou ficando na lista dos “jogos para depois”. E não sei como falar isso mas…. ainda hoje não o terminei. Espero que ninguém me bata por isso.
Desde o primeiro anúncio na E3 2015, até o lançamento em 2020, quais eram as expectativas para o game? Houve medo do jogo fracassar?
Kushina: Eu sempre me esforço muito para não criar expectativas. O que eu queria era que ele fosse trabalhado com respeito ao material original, unir os gráficos deslumbrantes que a Square Enix sabe tão bem fazer e os elementos de história que tanto me conquistou. Tudo isso me foi entregue com maestria no Remake!
Sempre dá um medo de algum executivo “dono do dinheiro” querer forçar alguma decisão que não cabe no projeto, mas que está na moda no momento. Mas o medo maior era, por já ter sido anunciado como um projeto episódico, não fazer o lucro necessário para a continuação e ser cancelado antes de sua completude. A parte I ser o sucesso que foi é um breve alívio, mas ainda longe de acabar.
Bruce: Claro que a Square Enix estava se enfiando em um vespeiro ao investir nesse remake, mas se desse certo, daria muito certo. A ausência de notícias após o anúncio oficial me deixou desconfiado de que o projeto poderia estar se complicando, mas quando os trailers começaram a sair com mais frequência, fui me empolgando. Lembro de ter jogado a demo na Brasil Game Show de 2019 e ali o Remake ganhou totalmente minha atenção.
Quando o jogo chegou de fato, quais foram os sentimentos?
Kushina: Palpitação cardíaca! Eu tremia de ansiedade e deslumbre com a capa, com a arte, com todos os elementos do original sendo tão lindamente representados! Foi como voltar a um lugar que eu estava morrendo de saudades e perceber que ele estava melhor que eu lembrava.
Bruce: Foram as melhores possíveis. A qualidade gráfica e da trilha sonora também me impressionaram muito, toda a condução da história, a combinação de elementos antigos com novos trechos foi ótima. E perceber que um jogo tão aguardado estava de fato cumprindo com todas as expectativas, especialmente falando de um Final Fantasy, é uma sensação incrível!
Vamos falar sobre gameplay! Final Fantasy VII Remake traz bastante foco na ação! O que mais chamou atenção do lado positivo e, se houver, do lado negativo?
Kushina: A dinâmica de batalhas ficou bem mais frenética que o original o que traz aquela adrenalina da batalha. A possibilidade de troca de personagens do grupo no meio da batalha é um elemento que já foi enunciado no Final Fantasy X e que aqui assume uma nova dimensão. Acredito que era o sistema dos sonhos para o Final Fantasy XV mas que aqui pode ser aplicado com maestria. Ponto negativo é não poder jogar com a Tifa a campanha toda!
Bruce: A evolução dos combates para ação já vem de tempos e é um caminho sem volta. E no caso do Remake ainda havia um componente a mais, pois era necessário resgatar, de alguma forma, as bases do original, dos turnos e do Active Time Battle – as famosas barrinhas. A Square Enix conseguiu achar o ponto certo e, na minha opinião, é o melhor sistema de combate de um Final Fantasy em muito tempo, e com certeza meu favorito. Eu tinha receio que fosse algo parecido com o FF XV, que me desapontou um pouco nesse aspecto, mas felizmente não foi o que aconteceu. Está longe de ser o sistema mais complexo da série, claro, mas isso de forma alguma é um problema. Pelo contrário, é uma fórmula fantástica.
Agora o foco é a história! O que acharam das mudanças?
Kushina: A grande maioria das mudanças eu adorei por expandir mais a cidade de Midgard, explorar melhor o caráter, personalidade e história de outros personagens, trazer uma noção melhor da dimensão da cidade e das discrepâncias de poder e estilos de vida.
Bruce: Como seguiria a história era um dos pontos dos quais eu mais estava curioso. Apesar de todas as melhorias técnicas, só elas justificariam uma leitura idêntica ao original? Qual a relevância de contar a mesma história com novos gráficos? E fiquei muito feliz ao ver que os produtores optaram sabiamente por ir além e de fato continuar e expandir o universo de FF VII. Apesar do nome, considero o Remake como uma continuação do jogo original.
Podemos dizer que a produção ousou bastante, com a introdução dos Murmúrios, as ações de Sephiroth e mesmo as ligações com outros títulos da franquia. Gostaram do rumos tomados e as novas possiblidades que surgiram?
Kushina: Não adorei mas são toleráveis perante as condições de produção do jogo. Os Murmúrios podem ser usados como muletas para justificar mudanças necessárias para a costura de todas as pontas que se ramificam do game principal. As possibilidades que se abrem, se bem trabalhadas, podem ser extraordinárias! Nunca desejei um game idêntico ao clássico de 97 apenas com a capacidade gráfica atual. Particularmente, acredito que os desenvolvedores estão fazendo um ótimo trabalho de equilíbrio entre inovações, tanto técnicas quanto de roteiro, preservação da essência de FF VII.
Bruce: Eu achei a inserção dos Murmúrios muito interessante, mas mais do que eles em si, gostei das possibilidades que eles abrem durante a narrativa da campanha e para os futuros jogos. As pequenas dicas que os produtores colocaram ao longo do game indicando que não se tratava apenas da mesma história foram precisas e bem feitas, até chegarmos no arco final, no qual algumas coisas ficam mais claras – junto com um novo caminhão cheinho de novas perguntas, mas faz parte.
Para fechar, vamos falar do futuro. O que esperar dos novos capítulos que estão por vir?
Kushina: Prefiro que ele seja consistente com a proposta que me vendeu nessa primeira parte. Espero que não tenham muitas mudanças em relação ao primeiro capítulo pois poderiam comprometer a coesão técnica e narrativa do que eles estão buscando/propondo! Espero que pequenos problemas, bugs, etc. sejam consertados mas mais que isso é “encher linguiça”.
Bruce: Dizem que time que está ganhando não se mexe e eu espero que o pessoal da SE pense dessa forma. As bases do game estão muito sólidas e não vejo motivos para mudanças bruscas. O foco agora é saber para onde a narrativa vai caminhar, o trecho mais “incerto” dos próximos jogos. E torcer para tudo dar certo.
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