Gramik Games: apostando em adaptações e novos projetos
Todos sabemos que trabalhar com jogos aqui no Brasil sempre é um desafio. A frase é clichê mas ainda é verdade, especialmente em tempos como os atuais. Por isso sempre é bom conhecer mais sobre novas iniciativas que chegam para desbravar esse oceano. E uma delas é da publisher Gramik Games.
Para falar mais dessa nova empresa tive a oportunidade de conversar com Isaias Guedes, fundador e CEO da Gramik, que me contou da sua trajetória e dos projetos da publisher, incluindo o mais recente lançamento, Dobo’s Heroes, que chega agora no final de janeiro para Nintendo Switch.
Mas vamos começar do começo. Isaías era funcionário público e em certo momento da vida resolveu mudar de ares profissionais. Através de uma bolsa conseguida com o ENEM, ingressou em um curso de Desenvolvimento de Sistemas, já pensando em entrar no mercado de jogos. “Assim que eu entrei, busquei o máximo de conhecimento em programação e a área de games em si, eu investi dinheiro nisso. No segundo semestre fui contratado pela QUByte”. Lá trabalhou por quase dois anos em diversos projetos.
Em outubro de 2021 a Gramik Game Studio foi fundada por Isaías em conjunto com sua esposa, Monalisa Figueiredo, e já conta com dois projetos no mercado, as versões de Switch para Puzzle & Chest (Beni Games) e Ronister Adventures (Ronik Games). Atualmente a empresa prepara o lançamento da versão Switch de Dobo’s Heros, jogo desenvolvido pela Colossus Game Studio.
“Eu entrei em contato com a Colossus e eles foram muito incríveis, os três donos são sensacionais. Adoraram a ideia de levar o jogo para Switch. Além de ter um gameplay sensacional, tem uma ótima história”, comentou Isaías, explicando que o jogo traz um herói já no fim da sua jornada, e que recebe a ajuda da sua família para seguir em frente.
“O projeto foi muito bem trabalhado, teve amor, carinho e dedicação. E teve profissionalismo, pois o código estava muito bem ajustado. Fui muito feliz em conseguir essa parceria com a Colossus. Começamos a entrar no cenário indie americano graças ao Dobo’s Heroes, os streamers americanos estão jogando. Isso mostrou o potencial que o game tem.”
Olhando para o futuro
Nos próximos meses Isaías me contou que a Gramik tem muitas coisas planejadas para 2022. Estão previstos ao menos sete a oito ports para esse ano, de diferentes empresas. Isaías contou que de forma geral é ele que aborda as desenvolvedoras para propor a criação dos ports.
Isaías afirma que até agora o retorno das empresas vem sendo muito positivos. O CEO destacou que um dos diferenciais da empresa é o método de abordagem e um sistema que não gera gastos para seus parceiros – a Gramik faz todo o trabalho de portar o jogo e os lucros são divididos.
“A resposta tem sido muito positiva. Nos destacamos por trabalhar com esse sistema. Claro que tem riscos, mas percebemos que é possível. Estamos tendo uma cooperação legal, pois é de interesse de ambas as empresas que o projeto dê certo. Vale muito a pena!”. Isaías complementa: “trabalhamos com um contrato de parceria muito bom. Com a Colossus, trabalhamos com um contrato 60/40. Somos a única empresa no mercado a fazer isso”.
Outra estratégia usada pela Gramik é a de distribuir chaves do jogo para criadores de conteúdo antes do lançamento oficial, além de chaves extras para sorteios Todo um planejamento de mídia executado por sua sócia e esposa, Monalisa.
Criações próprias
Além dos ports a empresa já está trabalhando em projetos próprios. “Vamos ter o Gramik Defense [nome provisório], um tower defense para consoles no estilo Kingdom Rush com gráficos mais bonitos, em 3D. Estou tentando recriar aquelas mecânicas, que são práticas no touchscreen, no controle”. Outro projeto é o Flappy Heroes, um Flappy Bird “tunado” com power-ups e outros recursos que deve sair para mobile.
O que mais me chamou atenção contudo foi o projeto chamado Revolution, também nome provisório. Um jogo de corridas na linha de Mario Kart mas com carrinhos de brinquedo. O conceito é que seja uma mistura de mundo real ou fantasioso, como se fosse uma criança que tivesse construído as pistas. Com modos online e multiplayer local, a proposta é promissora. A primeira demo deve chegar no fim de fevereiro no Steam, diz Isaías.
Há também um quarto projeto, que ainda está em estágio um pouco mais embrionário, que deverá misturar a movimentação de Pokémon com lutas táticas, no estilo de jogos como Final Fantasy Tactics. “É um jogo com escopo longo, tem vários detalhes que não vou abrir mão, então preciso de tempo para que seja produzido.”
No momento a empresa é composta apenas por Isaías e sua esposa, mas os planos são de expandir. A ideia é trazer pessoas com pouca ou nenhuma experiência de mercado para que elas possam aprender e se desenvolver.
“Tenho alguns colaboradores que estão engajados com o projeto Revolution. São pessoas bem cruas, que estão aprendendo. Tudo é feito da maneira mais sossegada e esse pessoal será os primeiros funcionários da Gramik para esse ano.