Análise: Metal Tales: Overkill

As chamas eternas do metal trazem mais um título para homenagearmos nossos deuses e sermos abençoados pelos ventos das montanhas gélidas onde o aço imortal é forjado. Nesse climão todo temos Metal Tales: Overkill, novo jogo do estúdio espanhol Zerouno Games, já disponível para PS4, Xbox One, Switch e PC (Steam).

Como espero que tenha ficado claro no primeiro parágrafo, o jogo traz a temática e clichês clássicos do Heavy Metal em uma pegada que lembra, entre outros, Brutal Legend. Nesse caso temos um deus maluco que resolveu possuir todos os guitarristas e fãs de metal do mundo exceto você, o grande herói que vai ter que resolver essa parada e salvar o metal.

Mecanicamente, Metal Tales: Overkill segue a cartilha dos jogos roguelike. Inicialmente com dois personagens iniciais (mais dois são liberados posteriormente), devemos atravessar as hordas de metalheads pelos diferentes mapas gerados proceduralmente. Todos terminam em uma luta de chefe que, quando vencida, dará ao jogador uma nova habilidade, invocando um outro membro da banda em uma técnica poderosa.

Dentro de cada capítulo além de áreas normais, existem salas com tesouros, armadilhas e até uma loja para aquisição de itens secundários. Ao todo são seis capítulos que se passam em três ambientes. Mesmo sendo um jogo curto em questão de variedade de cenários ele fica devendo um pouco. Embora os chefes e salas sejam aleatórios, a ordem dos capítulos sempre é a mesma.

Nessa luta contra as forças do mal nossas armas serão as guitarras. Existem vários modelos pelo jogo que possuem diferentes atributos: frequência de tiro, alcance e força. Tirando o modelo básico, todas as outras ficam espalhadas pelos mapas, então não se apegue muito a elas. Também há partituras, que conferem efeitos especiais ao tiros, como gelo, veneno ou explosão.

Ao morrer voltamos ao primeiro estágio perdendo todos os upgrades principais. A única coisa que se mantém é uma segunda categoria de melhorias, comprados com moedas pegas ao longo das campanhas. Nessa parte eu senti falta de um sentimento de progressão mais consistente. No começo não senti os upgrades fazendo real diferença no gameplay. Sendo bem sincero, mesmo depois de algumas horas de jogo eu não via muita diferença.

Isso implica na evolução geral do game. Sua barra de vida é mínima e mesmo com algumas evoluções não melhora muito. É bem fácil levar dano em alguns momentos e isso já comprometer a campanha atual. As lojas de itens pelos cenários também me pareceram de pouca utilidade no começo do game, pois eu nunca tinha moedas suficientes. Eu comparo com Crypt of the Necrodancer, no qual eu sempre conseguia tirar proveito desses NPCs vendedores.

Em resumo o gameplay em si não traz nada de muito interessante. Senti que faltou algo que realmente me prendesse só por isso. Não chega a ser ruim ou ofensivo, só não é grande coisa. A falta do sentimento de progressão pesa muito aqui nesse aspecto. Vale mencionar que o jogo tem o modo coop local, que deve deixar as coisas mais interessantes, infelizmente não consegui testá-lo de forma apropriada.

Se em suas mecânicas o jogo não traz nada surpreendente, o mesmo não se pode dizer da ambientação. Além de tirar uma onda com todos os clichês do metal (e não são poucos), Metal Tales: Overkill presta homenagem aos grandes nomes da música pesada em nomes de itens e artes de itens, personagens e desafios. Alguns são bem explícitos, outros mais sutis, e devo confessar que cada um que aparecia me fazia esboçar um sorriso.

Obviamente um jogo sobre Heavy Metal teria que nos dar um bom tratamento sonoro, e nisso Metal Tales: Overkill acerta em cheio. Por ser um jogo indie, obviamente não temos os grandes clássicos. O Zerouno Games resolveu então sabiamente pegar algumas bandas underground dos EUA e Europa de diferentes estilos, todas espalhadas pela trilha sonora do game. O mais bacana é que logo no menu principal há uma sessão exclusiva para essas bandas, com uma pequena bio de cada uma delas. Ótimo para quem está procurando coisa nova para ouvir.

Metal Tales: Overkill é um jogo mediano olhando para seu gameplay. É um jogo com poucas fases e se baseia na repetição, como todos os roguelikes. Talvez uma variedade maior de fases e inimigos, especialmente no começo, fizessem bem. Por outro lado, a estética Metal do game, mais sua maravilhosa trilha sonora contribuem com vários pontos positivos. Se você não é fã de musica pesada, talvez queira tentar alguma coisa pois não não vai achar nada de especial. Mas se és um filho do Deus Metal, pode ser que uma conferida valha a pena pela ambientação e músicas.

 

Análise produzida com cópia digital de PS4) cedida pela Zerouno Games



Bruce

Jornalista, Game Designer e perito na arte das piadas de qualidade questionável. Adora sofrer em soulslike, perder horas em jRPGs e passar a vida no Final Fantasy XIV