Análise: Shadow Tactics: Blades of the Shogun – Aiko’s Choice

No distante ano de 2016 chegava no mercado Shadow Tactics: Blades of the Shogun, game desenvolvido pela Mimimi Games, um RPG de estratégia em tempo real que segue a linha do clássico Commandos. Porém ao invés de um esquadrão de elite executando missões na 2ª Guerra Mundial, Shadow Tactics nos leva ao Japão da era Edo com um grupo de guerreiros a serviço do Xogum. Trazendo um estilo pouco explorado, o game original recebeu boas críticas na época.

Cinco anos depois chega a expansão Aiko’s Choice, exclusiva para PC. No formato standalone, esse conteúdo extra se passa durante certos eventos da campanha do jogo principal, mas funciona como um produto separado. Uma decisão interessante do estúdio, que  ao meu ver foi acertada. No meu caso, que nunca joguei o primeiro game, o saldo foi bem mais positivo do que negativo.

Como mencionei acima, Aiko’s Choice se passa durante os eventos do primeiro Shadow Tactics, então não entrarei em maiores detalhes da história. Como dá para perceber pelo nome, ela é focada em Aiko, uma dos cinco personagens do jogo original. A trama envolve o ressurgimento de Lady Chiyo, mestra da kunoichi que, por algum motivo, se aliou aos inimigos do Xogum.

Por ser uma DLC não temos uma grande introdução dos personagens no aspecto narrativo, mas há o suficiente para entendermos quem são os protagonistas e o que eles precisam fazer, mesmo para quem está chegando agora. Com pequenos diálogos durante as missões, vamos nos ambientando ao clima do jogo ao longo da aventura. Vale notar que os textos do jogo estão totalmente em português brasileiro.

Aiko’s Choice começa a brilhar de fato nas suas mecânicas e desafios que impõe ao jogador, demandando uma boa dose de estratégia para usar as ferramentas dispostas. O grupo de elite é composto por cinco heróis, cada um com habilidades únicas: Mugen é o samurai, forte  e capaz de derrotar vários inimigos de uma vez; Aiko é uma ninja que pode cegar inimigos e usar disfarces; Hayato é um ninja versátil equipado com uma shuriken; Yuki, uma ladra que usa de armadilhas e sinais para distrair alvos; e Takuma que conta com uma sniper (!!) e um Tanuki que pode ser usado para chamar atenção de inimigos.

O grande desafio é saber como tirar o melhor proveito dessas habilidades. Os mapas são bem abertos e dão ao jogador possibilidade de pensar em diferentes rotas. Por não estar acostumado com esse estilo, no começo eu admito que apanhei bastante. Mas algumas horas de jogo já serviram para me adaptar melhor ao que fazer ou não. Embora a premissa seja a furtividade de ação, eventualmente até um alerta das tropas inimigas pode ser usado a seu favor.

Alias, talvez isso não seja segredo para jogadores experientes mas o método da tentativa e erro é um dos fundamentos básicos do jogo. Tanto que o recurso de Quick Save e Quick Load é fundamental para ir testando o que é seguro fazer ou não. O jogo até possui um alerta para te avisar a quanto tempo foi o último salvamento rápido. E acredite, você quer salvar com muita frequência.

Isso ocorre porque muitas das ações dependem de uma precisão de tempo para, por exemplo, eliminar um soldado antes que uma outra unidade perceba, ou pular entre prédios sem chamar atenção. Também vale mencionar que a boa inteligência artificial do game também é um dos motivos que fará você salvar com frequência. Ela não é perfeita, mas faz um bom trabalho, obrigando os jogadores a serem cuidadoso com suas ações.

Um exemplo disso é quando um corpo é localizado e o alerta é acionado. Geralmente tropas adicionais irão aparecer na area para patrulhar. E elas vão continuar lá rodando ao longo da partida. Isso adiciona algumas camadas de estratégia, pois pode mudar como iremos alcançar o próximo objetivo dentro do novo contexto. No geral as vezes que “deu ruim” foram mais por falhas minhas do que por injustiças do game.

Para facilitar suas operações, em Aiko’s Choice há um recurso que permite que vários personagens realizem suas ações de forma simultânea. Entrando no modo de gravação é possível determinar um comando (e somente um) para qualquer um dos heróis disponíveis. Ao apertar “Enter” no teclado, todos eles realizam a ação programa. Isso me permitiu realizar uma execução tripla em certo mapa que foi muito bonito de ver.

Shadow Tactics: Blades of the Shogun faz um ótimo trabalho trazendo de volta esse estilo de RPG tático em tempo real. As missões e mapas são bem diversos e dão ao jogador bastante espaço para pensar por si, não havendo somente uma resposta certa para os desafios impostos. Novatos talvez tenham um certo trabalho para se adaptar, mas vale a pena. Quando você perceve que sua estratégia deu certo, é uma sensação bastante satisfatória.

Tecnicamente o jogo rodou muito bem e toda a parte artística se beneficia do contexto histórico do Japão da era Edo. Para aqueles que já jogaram o primeiro jogo é uma ótima chance de voltar a esse mundo com mais missões — mas sem grandes mudanças de gameplay, que fique claro. Para novatos também é uma boa pedida para quem procura um RPG tático de ação. Com certeza vale visitar (ou revisitar) esse mundo.

 

Análise produzida com cópia digital de PC (Steam) cedida pela Daedalic Entertainment



Bruce

Jornalista, Game Designer e perito na arte das piadas de qualidade questionável. Adora sofrer em soulslike, perder horas em jRPGs e passar a vida no Final Fantasy XIV