Análise: Tunche

Jogos que trazem algo da cultura latino-americana não são muito comuns no grande mercado. Projetos com essa temática desenvolvidos por estúdios da região são ainda mais incomuns nesse meio. Por isso me chamou a atenção quando tive a oportunidade de jogar Tunche, jogo criado pelos peruanos da LEAP Game Studios e publicado pela HypeTrain Digital. O jogo sai para PS4, PS5, Xbox One, Series X|S, Switch e PC, totalmente localizado para português.

O game traz uma mistura entre dois gêneros, beat’em up e roguelike que tem pontos interessantes nessa história que se passa no coração da floresta amazônica na busca do Tunche e de uma forma de eliminar uma misteriosa ameaça que traz problemas para a região, com elementos fantásticos de lendas e contos da floresta.

Para cumprir essa missão cinco jovens usarão suas habilidades para passar pelos desafios da mata. E entre eles está a Hat Kid, do jogo A Hat in Time, que mesmo sendo de outro universo, está inserida na trama de certa forma, não vou entrar muito nisso por motivos de spoilers. Mas em resumo essa e a premissa básica do game. Conforme vamos evoluindo, conhecemos NPCs que podem nos trazer mais alguns detalhes do mundo. Mas de maneira geral é algo bem direto aqui.

O foco maior é na sua gameplay, da qual vou começar abordando a parte beat’em up. Todos os personagens tem uma estrutura padrão de comandos: pulo, esquiva, ataque simples e ataque à distância. As diferenças entre cada um variam entre alcance, velocidade e resistência. Contudo é na evolução do game, com o desbloqueio de mais habilidades que cada herói mostra seus destaques de forma mais clara.

Existem colecionáveis no jogo, que contarão mais das criaturas e histórias do lugar

O combate é bem divertido, mesmo com o kit básico. Nos primeiros minutos de jogo com os combos simples o processo de descer a porrada nos vilões é bacana. O game também tem um sistema de pontuação, que aumenta seu ranking conforme a contagem de hits, o que incentiva tentar manter as sequências ativas e evitar ser atingido.

Bom frisar que cada personagem acumula recursos para liberar habilidades de forma independente – artefatos são comuns a todos. Ou seja, você terá que jogar com cada um para aprimorá-lo. A ideia é interessante para estimular gameplays diversificados, mas eu achei que a curva para obtenção dos recursos um pouco demorada. Ai entramos no lado rogue like de Tunche.

Cada batalha se passa em pequenas arenas até eventualmente chegarmos no chefe de fase. Se você morrer recomeça do zero, somente habilidades e aprimoramentos de artefatos se mantém ao longo das campanhas. E o problema para mim foi essa volta repetida ao começo. Como sempre iremos retornar da primeira fase, sempre teremos que passar pelos mesmos inimigos iniciais em um processo que pode ser tornar cansativo. Seria interessante ter algum checkpoint, ou que ao menos as fases não tivessem uma ordem fixa para dar mais respiro a uma nova campanha.

Preciso notar que Tunche tem coop local para até quatro jogadores. Infelizmente não consegui testá-lo por falta de pessoal, mas é um título que parece se beneficiar muito de uma jogatina em grupo.

Por fim, não poderia deixar de falar dos pelos ótimos gráficos, todos desenhados a mão. A animação dos personagens é excelente e toda a arte de Tunche é digna de muitos elogios. A trilha sonora também é muito boa, misturando rock com elementos da música local.

Tunche é um jogo que traz muitas considerações positivas. Ser um game que se passa na Amazônia e feito por um estúdio do Peru é muito bacana. Assim como Greak: Memories of Azur, e até mesmo o nosso Horizon Chase, é muito legal ter estúdios latinos ganhando visibilidade e produzindo bons games.

Independente disso, o produto final é um beat’em up honesto com uma boa jogabilidade, uma ótima direção de arte e nível de desafio interessante. Na minha opinião só peca na velocidade de evolução dos personagens, e o fator rogue like que para mim não clicou. Contudo, conforme mais opções vão sendo liberadas e vai se ganhando mais “corpo”, o título vai mostrando seus pontos positivos nas mecânicas de combate. No fim das contas o resultado final é positivo e vale dar uma olhada com atenção.

 

Análise produzida com cópia digital de PS4 cedida pela HypeTrain Digital

 



Bruce

Jornalista, Game Designer e perito na arte das piadas de qualidade questionável. Adora sofrer em soulslike, perder horas em jRPGs e passar a vida no Final Fantasy XIV