E3 – 10 momentos memoráveis da feira
Em pouco mais de duas semanas começa mais uma Electronic Entertainment Expo, a E3 2021. Depois da não realização em 2020, havia dúvidas sobre a continuidade da E3, mas ao menos a desse ano está garantida, em formato totalmente online. E como a verdadeira “copa do mundo” dos games, podemos esperar muitos momentos emocionantes, anúncios inusitados e sabe-se lá mais o que.
Infelizmente não teremos a presença de público nas apresentações o que, como vocês verão daqui em diante, foi muito importante para alguns momentos. Ainda assim, vamos lembrar dos bons momentos nos quais podíamos aglomerar e lembrar das grandes novidades da E3.
1995 – PlayStation “299”
Vamos começar com a primeira E3 da história, em maio de 1995. Na époc, Nintendo e Sega ainda brigavam lado a lado pelo controle do mercado. Tanto Mega Drive como o SNES, apesar de ainda serem os consoles principais, já começavam a dar sinais de cansaço, especialmente por conta das novas tecnologias, como gráficos 3D e o uso de CDs ao invés de cartuchos (mesmo a Nintendo mantendo o padrão antigo para o vindouro Nintendo 64).
A Sega, ansiosa por repetir os anos dourados do MD, correu com o seu próximo console, o Sega Saturn. E correu até demais. Lançado em novembro de 1994 no Japão, a chegada do aparelho nos mercados ocidentais era aguardada para final do ano seguinte. Eis que, na apresentação da empresa na E3 de 1995, a Sega simplesmente anunciou que o Saturn já estava disponível no mesmo dia, por US$399, pegando muita gente de surpresa — inclusive alguns desenvolvedores, que trabalhavam com a data previamente divulgada de lançamento, 09 de setembro. Essa ação de marketing a princípio agressiva, acabou sendo um tiro no pé. O console não teve uma campanha de mídia adequada e, por dificuldades da programação em sua arquitetura, tinha poucos jogos disponíveis.
O primeiro golpe que a Sega iria levar já seria na própria E3. Em uma “breve” apresentação de Steve Race, presidente da Sony nos EUA, o executivo apenas subiu no palco e disse “299”, se referendo ao preço do PlayStation no seu lançamento, saindo logo em seguida. Bom, dai pra frente, a gente sabe o que aconteceu com as duas empresas, não é verdade?
2004 – The Legend of Zelda: Twilight Princess
Pulando para 2004 na conferência da Nintendo, que na época ainda fazia apresentações ao vivo. O GameCube já havia recebido um título da série The Legend of Zelda, “The Wind Waker”, que teve recepções diversas, muito por conta de seu visual cartunesco. Fãs ainda queriam um jogo que fosse um sucessor à altura de “Ocarina of Time”. Mas com o console da Nintendo já perdendo a briga para PlayStation 2 e Xbox, muitos acreditavam que um novo jogo só chegaria no console seguinte.
Foi assim que de surpresa, a Big N fez a revelação de Twilight Princess no final de sua coletiva em 2004 — cujo foco principal fora o anúncio do Nintendo DS —, com participação especial de Shigeru Miyamoto. O game trazia gráficos incríveis, um Link com visual adulto e muita ação, exatamente o que os fãs de Zelda esperavam. Inicialmente planejado para lançamento em novembro de 2015, o jogo acabou sendo atrasado para o fim de 2016, ganhando também uma versão para o recém lançado Wii. Mais ou menos a mesma coisa que ocorreu com Breath of the Wild, prometido inicialmente para Wii U e depois adiado para também ganhar uma versão no console seguinte, o Switch.
2008 – Final Fantasy XIII no Xbox 360
No final dos anos 2000 Final Fantasy ainda era uma marca extremamente atrelada ao PlayStation. Embora spin-offs tenham saído para outros consoles, os jogos numerados sempre eram exclusivos de consoles da Sony, desde Final Fantasy VII, em 1997. Imaginem então como foi o choque ao saber que Final Fantasy XIII também sairia para Xbox 360?
Até hoje, apenas os episódios XIII e XV tiveram lançamentos multiplataformas e, de forma curiosa eles marcam um tempo importante, e complicado, para a franquia. Na época isso foi uma amostra de uma Sony que patinava com seu PS3 e uma Microsoft que ganhava cada vez mais território. E o que teve de fanboy pirando depois daquele anúncio, meu amigo…
2010 – Portal 2 no PlayStation 3
Lembra quando a Valve ainda fazia jogos? Bons tempos aqueles…
Brincadeiras a parte, é público que Gabe Newell sempre teve suas críticas quanto aos consoles caseiros e isso não é de hoje. Muito pelas limitações que lançamentos como Left 4 Dead ou Half-Life tinham nos aparelhos em relação ao respectivos títulos no PCs. E parte disso também podemos atribuir entre rusgas entre Valve e Microsoft que surgiam aqui e ail nos anos 2000.
Nesse cenário foi totalmente inesperado quando GlaDOS apareceu no meio da apresentação da Sony e o próprio Gabe veio em seguida, anunciar Portal 2 para PlayStation 3. O mais inusitado foi a integração entre Steam e PSN que o jogo oferece, com a possibilidade de uso do Steam Cloud, updates automáticos e o cross-play entre usuários das duas plataformas. O Xbox 360 também tem sua versão do jogo, mas sem todos esses recursos. Uma pena que parceria com Sony tenha ficado por aí. Pela ciência.
2010 – Nintendo 3DS
Escrever essa lista está sendo um ótimo exercício para revisitar o quanto essa indústria já investiu em tecnologias duvidosas. Ainda em 2010, o grande negócio era o 3D. Jogos vinham com esse recurso estampado na capa, novas TVs eram colocadas no mercado frequentemente. Porém tudo era muito caro ou não apresentava o resultado desejado.
Nesse cenário veio a Nintendo fazendo uma das coisas que ela sabe fazer muito bem, inovar com tecnologias que surpreendem a todos. Foi em 2010 que marcou o nascimento do Nintendo 3DS, um portátil capaz de gerar gráficos 3D e sem a necessidade de óculos especiais. Sério, aquilo era quase mágica.
Infelizmente, como outras tecnologias trazidas pela Nintendo, poucos desenvolvedores externos souberam utilizar o 3D de maneiras inteligente e, aos poucos, o recurso acabou se tornando só uma perfumaria. Tanto que a empresa japonesa chegou a lançar alguns modelos do aparelho sem o recurso 3D anos mais tarde.
2013 – Cutucando as feridas da Microsoft
A E3 2013 foi uma convenção interessante, pois foi quando Microsoft e Sony falaram de seus novos consoles, que seriam lançados no final daquele ano. E foi nesse ponto que a empresa japonesa começou a retomar a liderança do mercado, muito por várias trapalhadas e anúncios precipitados da rival. Coisas como o bloqueio de jogos usados e a necessidade de estar sempre on-line só prejudicaram a imagem do Xbox One – que voltou atrás em várias dessa decisões, inclusive.
A Sony, aprendendo com os erros cometido no lançamento do PlayStation 3, soube levar essa situação a seu favor, rebatendo cada fator negativo anunciado pelo novo Xbox com um ponto positivo do novo PlayStation 4. Assim não demorou muito para o console cair nas graças do grande público. A apresentação da empresa na E3 mostrou muito bem isso, inclusive com uma simulação de “como emprestar jogos de PlayStation 4”.
2015 – “A” Conferência da Sony
Se tem alguma memória que quero contar para as futuras gerações foi o que aconteceu na apresentação da Sony em 2015. A conferência da Microsoft, realizada algumas horas antes, foi muito boa, mostrando jogos novos, falando do então novo recurso da retrocompatibilidade do Xbox One e sem perda de tempo com coisas inúteis (cof, Kinect, cof). Sério, foi uma apresentação impecável. Seria difícil para a empresa japonesa superar aquilo.
Eis então que a apresentação começa com os dois pés no peito, mostrando The Last Guardian. O jogo, apresentado pela primeira vez em 2009, começou como um título de PS3. Com inúmeros atrasos e notícias desencontradas, muita gente duvidava que novo game de Fumito Ueda se tornasse real. Até que o trailer começou e todos ficaram de bocas abertas, não tanto pelos gráficos, mas mais por aquilo ser real. Depois de anos de esquivas, finalmente a Sony mostrava que o projeto não estava morto. E até prometeu o lançamento para o ano seguinte. Como eles começam uma conferência já destruindo nossos corações desse jeito?
Segue o jogo, Adam Boyes, um dos diretores da Sony entra em cena para fazer alguns anúncios. Um deles foi World of Final Fantasy, um jogo bem simpático, para PS4 e PS Vita. Em seguida, tudo fica escuro e, um título muito aguardado pelos fãs estava se tornando realidade. Conforme as imagens iam passando, um sentimento confuso tomava conta de todo mundo. Não era possível que a Square Enix finalmente estivesse fazendo esse remake. Seria um filme, uma série, “isso é mesmo Final Fantasy?”. As dúvidas acabaram com o final do trailer, mostrando o logo do jogo e, em seguida, a palavra Remake. O mundo veio abaixo. A fé da humanidade foi renovada. Aliás, se você estiver pra baixo, procure por vídeos de pessoas reagindo ao anúncio de FF VII Remake. É lindo!
Mas não acaba por ai. Depois dessas duas bombas de emoções, a Sony ainda guardava uma terceira surpresa: Shen Mue 3. Tecnicamente foi só o anúncio do Kickstarter, que obteve sucesso em poucos dias (horas talvez?). A série nasceu no Dreamcast, com o segundo episódio também lançado para Xbox. Uma das características da série é seu mundo aberto, com inúmeras possibilidades de interações, o que acabou servindo de inspiração para jogos como GTA (na fase PlayStation 2) e Yakusa.
Além desses três momentos matadores tivemos outros anúncios muito bons como Horizon: Zero Dawn, Hitman (2016) e um gameplay de Uncharted 4. Enfim, foi uma apresentação para mostrar que sonhos podem virar realidade!
2016 – Kojimão está de volta!
Não poderia escrever essa lista sem falar desse ser humano incrível chamado Hideo Kojima. Depois da conturbada saída do desenvolvedor da Konami que resultou até na empresa proibindo Kojima de aparecer em premiações, o que sabíamos apenas é que ele havia fundado um novo estúdio, a Kojima Productions, e estava trabalhando com a Sony. Em pouco mais de seis meses de “liberdade”, o criador de Metal Gear já teria algo novo para mostrar?
A resposta foi “sim”! Com uma entrada triunfal e recebendo um tratamento poucas vezes visto a um desenvolvedor em apresentações da E3, Kojima finalmente voltou a público e já nos trouxe o primeiro trailer de Death Stranding — com pirações com peixes mortos, crianças, pessoas voando e Norman Reedus pelado. Sim, a parceria que foi firmada para o finado jogo “Silent Hills” não desapareceu, com o ator novamente trabalhando junto com Kojima.
O mais incrível é que assistindo o trailer hoje, tudo que foi mostrado está no jogo final, mostra que muito das bases do jogo já estavam bem definidas na época.
2017 – Senpai Miyamoto e um francês paciente
De 2017 vou recortar um momento da conferência da Ubisoft, no anúncio oficial de Mario + Rabbids Kingdom Battle, para Switch. Ninguém menos do que o lendário Shigeru Miyamoto deu as caras durante a apresentação. Falando do jogo o criador do Mário fez questão de exaltar o trabalho do italiano David Soliani, diretor criativo da Ubisoft, e principal responsável pelo game. Quando a câmera foca no diretor, é visível o quanto ele está emocionado.
Soliani, em entrevista ao site gamesindustry, contou que é um fã da Nintendo desde pequeno e que foram os jogos do Mario que o inspiraram a seguir nessa carreira. Ou seja, basicamente fizeram dele o que ele é hoje. Quando a possibilidade de trabalhar com Mario surgiu, e ele teria que apresentar suas ideias para o próprio Miyamoto, foi como a realização de um sonho, a oportunidade de uma vida. Ter seu talento reconhecido por aquele que você considera um mestre é um feito para se aplaudir de pé.
2019 – You are breathtaking!
Vocês lembram quando Cyberpunk parecia ser a coisa mais maravilhosa do mundo? Pois bem, hoje sabemos que as coisas não foram tão bem, mas as expectativas eram colossais. E não bastasse já todo o hype, o que o pessoal faz? Traz o Keannu Reaves para o jogo E para o palco da conferência da Microsoft! Sério, não tem como ficar no controle com algo assim!
Com certeza vários outros momentos ficaram de fora – na minha lista aqui tem pelo menos uns cinco. Mas cortes tem que ser feitos. E para você, o que faltou? Quais as suas melhores memórias da E3?
A E3 2021 acontece entre os dias 12 a 15 de junho, e pode ter certeza que vamos cobrir os principais fatos ao mesmo tempo que tentamos não pirar!