The Metallica Blacklist, os 53 tons de Metallica

No distante ano de 1991 o mundo era bem diferente de tantas formas que nem daria para listar aqui nesse texto. Nesse começo dos anos 90 o Metallica, já um dos grandes nomes do Metal mundial, deu um passo decisivo para colocar o quarteto entre os gigantes da música. Com uma sonoridade diferente dos últimos registros de estúdio, o famoso Black Álbum foi uma máquina de produzir hits. O então novo registro da banda sacramentou o nome da banda pelos quatro cantos do mundo.

E nessa celebração de 30 anos do icônico Black Álbum, o Metallica mais uma vez resolve fazer algo fora da curva com o interessante The Metallica Blacklist, um compilado de 53 covers feitos pelos mais diferentes artistas do clássico disco de 91 – e que está disponível no Spotify e outros serviços de música online. Seria natural criar um compilado com outras bandas de rock e metal. Existem dúzias dessas, várias muito boas. No entanto a escolha aqui foi fazer o diferente, característica intrínseca na história do Metallica.

Artistas dos mais variados estilos dão sua versão às icônicas 12 canções do Black Álbum. Provavelmente a faixa que mais rodou por ai foi Nothing Else Matters com Miley Cyrus e Elton John. E claro que ficou incrível.

Outros nomes mais conhecidos da turma do rock também dão as caras, de coisas pesadas como Ghost (Enter Sandman), Corey Taylor (Holier Than Thou) e Volbeat (Don’t Tread on Me) até os mais indies Weezer (Enter Sandman) e Cage the Elephant (The Unforgiven). Mas nem só de roquistas é feita essa lista, felizmente.

Confesso que muitos dos artistas eu nunca tinha ouvido falar. De artistas pop, punk e eletrônico a diversidade musical é enorme. Ter essa variedade de pessoas pegando esses clássicos e brincando com eles é maravilhoso, uma amostra de como a obra original é de impacto gigantesco na cultura pop. Tem algumas coisas que saem completamente diferente, como a versão de The God That Failed, do IDLES. Ou essa excelente versão de The Unforgiven da dupla mexicana Ha*Ash.

Puxo aqui também a versão country de Sad But True, autoria de Jason Isbell and the 400 unit.

Em resumo o que temos aqui é uma baita de uma salada, das muito boas diga-se de passagem. Além disso é mais uma vez o Metallica mostrando que sabe se reinventar. Uma lista tão plural, como nomes dos mais variados estilos, novos e consagrados, serve para mostrar a música da banda para novos públicos e tornar o legado de Lars, James, Kirk e Rob ainda maior. Sinceramente não poderia haver celebração maior para esse disco, que é um dos mais marcantes da história da música e que, 30 anos depois, ainda se mantém mais vivo do que nunca.

Minha única crítica a essa coletânea e a falta de “equilíbrio” entre os covers. Enquanto Nothing Else Matters teve 12 versões, Of Wolf and Man e The Struggle Within só tiveram uma aparição cada. Não sei como foi o processo de divisão, mas essas duas mereciam mais atenção.

De qualquer forma, vale muito a pena investir um tempo ouvindo todas as músicas do compilado. Para uma banda que sempre ousou fazer o diferente, quebrando expectativas e arriscando musicalmente, não poderia haver homenagem melhor para seu maior disco.