Sonic: O Filme — Análise

Quem é fã de Sonic de longa data sabe que essa relação nunca foi fácil. Como diz nosso treinador da seleção, “tem que aprender a sofrer”. Entre boas experiências e momentos que nos fazem questionar nossa fé na humanidade (as vezes tudo isso no mesmo jogo), quando o filme foi anunciado bateu aquele gelo na espinha. Filmes baseados em jogos não costumam agradar muito. Adicione nessa receita a instabilidade da franquia do azulão e temos um combo mortal. Apesar de tudo ir contra, ainda tínhamos esperança. Porque somos fãs de Sonic no final das contas.

O primeiro trailer foi divulgado em abril de 2019. Com um visual medonho e algumas escolhas duvidosas as críticas caíram matando — Gangsta’s Paradise de trilha? Sério mesmo?! Para piorar o vídeo saiu na mesma época que Detetive Pikachu estreou nas telonas fazendo um ótimo trabalho no 3D e as comparações foram inevitáveis. Em meio ao mar de reclamações Jeff Fowler, diretor do filme, anunciou a decisão da produção de refazer o modelo do personagem, o que levou ao adiamento da estréia de novembro daquele ano para fevereiro de 2020.

Depois de bater no fundo do poço o único lugar para ir era pra cima e felizmente foi isso que aconteceu. Já no final do ano passado o novo trailer com o novo visual foi publicado e a empolgação das pessoas voltou. Seria a redenção do mascote da Sega? O longa fugiria de fato da “maldição” de filmes baseados em games?

Felizmente a resposta é positiva. Obviamente não falo aqui de um clássico da sétima arte ou um filme que irá quebrar paradigmas, mas Sonic: O Filme é uma boa mistura de ação leve com comédia. Traz elementos dos jogos antigos, no qual Sonic era o herói “cool”, com as versões mais atuais do personagem, com textos divertidos e várias piadinhas. Ainda assim consegue ter sua própria identidade sem ser uma cópia de outras edições dou azulão, que é muito legal. Ao mesmo tempo, espere por muitas referências ao universo de Sonic: jogos, músicas, memes e por ai vai.

O desenvolvimento do filme é bem direto, sem grandes surpresas. Suas duas grandes forças são o próprio Sonic, com seu humor e hiperatividade e Dr. Robotnik, interpretado de forma sensacional por Jim Carrey. Depois de anos sem atuar, o ator volta fazendo um papel bastante caricato, também dando uma personalidade nova ao vilão, mas mantendo sua essência. E devo dizer que, dadas as devidas proporções, senti um Carrey com a pegada dos filmes de comédia que o deixaram famoso nos anos 90. O cara sabe como fazer um personagem tresloucado com propriedade.

A trama simples e as atuações dos outros atores não comprometem mas também não se destacam. É uma pequena jornada que fala sobre amizade e encontrar seu lugar no mundo. Nada de eventos épicos ou ameaças universais. E sinceramente gosto muito que esse tenha sido o caminho escolhido pela produção, pois se mostrou uma decisão muito acertada. É preciso lembrar também que é um trabalho voltado para a criançada, ainda que vá agradar bastante os fãs de longa data do ouriço. Da mesma forma como foram os jogos lá no início dos anos 90. E que bom que é assim. Sonic se mostra um personagem com força para continuar presente para as novas gerações, sem se apoiar somente em um passado nostálgico.

Sonic: O Filme é uma agradável aventura com um dos personagens mais queridos dos games e que honra todo o legado de quase 30 anos do mascote da Sega. Serve tanto para a turma das antigas como para as novas gerações, sendo até mesmo uma boa porta de entrada para conhecer o ouriço mais rápido do mundo. E a única dúvida agora é: quando chega Sonic 2?

 



Bruce

Jornalista, Game Designer e perito na arte das piadas de qualidade questionável. Adora sofrer em soulslike, perder horas em jRPGs e passar a vida no Final Fantasy XIV

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