Análise: Soul Nomad & the World Eaters

Vindo direto do PlayStation 2, Soul Nomad & the World Eaters é um RPG da Nippon Ichi Software, a mesma de Phantom Break e da série Disgaea. Com um visual e humor semelhantes a esses outros títulos, Soul Nomad se diferencia pela sua gameplay. Ainda é um jogo tático mas cada “unidade” é composta de um pequeno grupo, em confrontos que me lembraram visualmente um pouco de Advanced Wars (GBA) e Dragon Force (Saturn). O game chegou no fim de agosto para Steam e Switch.

Soul Nomad se passa nas terras de Prodesto e a história começa quando Gig o Mestre da Morte chega com os World Eaters para destruir tudo. Depois de muita luta, o vilão foi supostamente destruído por Layna, filha do antigo rei e atual responsável por liderar a resistência. Quando Gig foi derrotado, os 3 World Eaters entraram em estado de hibernação e assim ficaram.

Como precisamos de uma aventura, se passam 200 anos e os World Eaters começaram a se manifestar, o que é um grande perigo ao mundo. É nesse momento que surge nosso protagonista, um ou uma jovem de uma vila escondida que, ao chegar na maioridade, é presenteado com uma espada por ninguém menos que a própria Layna. Essa espada não é uma qualquer, mas aprisiona a alma de Gig, um sujeito que fala pelos cotovelos, diga-se de passagem. O porque Gigi está lá é algo que vai ser explicado ao longo do game.

Aqui as coisas ficam interessantes. Enquanto o poder de Gig é importante para termos força suficiente para alcançar a vitória, se usarmos demais esse recurso, podemos nós mesmos virarmos o próximo senhor da destruição. Isso se traduz no gameplay em escolhas de diálogo durante as interações com outros NPCs. Inclusive existe um “Demon Path” que consiste exatamente nisso, que muda consideravelmente a rota, com finais e personagens diferentes.

Fora esse caminho da ideia errada, as interações do/da protagonista com outros personagens também influenciam ao longo da campanha, assim como o uso deles em combate e ataques combinados, que interferem nas afinidades.

Hora do combate

Como mencionei anteriormente, Soul Nomad é um RPG tático mas ao invés de personagens únicos, há esquadrões de guerreios, grupos de 4 até 9 ao todo. Além dos personagens principais é possível compor um esquadrão com guerreiros contratados, das mais diferentes classes: cavaleiros, arqueiros, ladrões, clérigos, piromantes, entre outros. No começo existem poucas opções mas elas vão se abrindo ao longo da campanha.

Na hora de montar o time o posicionamento é importante. O ataque de cada classe varia conforme seu lugar no grupo, linha de frente, média ou fundo. Cada grupo deve ter também um personagem nomeado como Líder. Caso ele morra, o esquadrão é perdido no confronto, independente da condição dos outros. Por outro lado, unidades mortas em combate voltam após o embate, você não perde nenhuma unidade em definitivo, o que é gosto bastante.

Vale mencionar que toda luta começamos apenas com o grupo do protagonista. Os demais devem ser summonados no campo de batalha em qualquer momento do confronto, cabendo ao jogador decidir quem e quando entrar no seu exército. Como cada invocação tem um custo, esse esquema pode ser bom para chamar grupos específicos contra certos tipos de inimigo por exemplo, permitindo estratégias mais eficientes.

Outro aspecto legal é que é possível visualizar a arena da próxima batalha antes de começá-la de fato, o que é uma boa para já definir uma estratégia.

Soul Nomad & the World Eaters é um jogo de 2007, já bem no final da vida do PlayStation 2. O estilo visual dele segue o padrão de outros jogos da NIS  no PS2 e ainda hoje se sustenta muito bem. A trilha sonora também é se mantem muito boa. Importante frisar que todas as falas da campanha principal são dubladas, com as opções em inglês e japonês disponíveis. Infelizmente o jogo não é localizado para o português.

Quanto ao port em si, ficam minhas críticas ao jogo. Ele não é ruim, o jogo roda bem mas senti falta de mais opções de configurações. No padrão 4:3 poderiam haver algumas barras laterais com artes para preencher a tela. O modo 16:09 é só a imagem esticada, o que na minha opinião não fica muito bom. Além disso, só há um filtro que aplica um pouco de blur nos pixels e sinceramente acho que fica melhor sem.

O mundo precisa ser salvo

Soul Nomad & the World Eaters é uma jóia perdida do PS2 que ganha nova vida nesse relançamento para Steam e Switch. Embora a Nippon Ichi seja conhecida por seus RPG bem complexos, aqui eu sinto que as coisas não são tão punitivas e mesmo alguém não muito familiarizado com o estilo pode seguir tranquilamente. Ao mesmo tempo, quem quiser algumas camadas a mais de sistemas vai encontrar aqui também.

A história e os personagens contam com o humor clássico da desenvolvedora. As várias opções de dialogo e interações com NPCs dão um bom leque de alternativas, o que dá uma grande vida ao jogo. Ponto negativo só para a falta de mais opções gráficas nessa versão. Mas nada que prejudique a diversão.

 

Análise produzida com cópia digital de PC (Steam) cedida pela NIS America



Bruce

Jornalista, Game Designer e perito na arte das piadas de qualidade questionável. Adora sofrer em soulslike, perder horas em jRPGs e passar a vida no Final Fantasy XIV