Análise: Babylon’s Fall

A primeira vez que ouvimos falar de Babylon’s Fall, foi no distante ano de 2018, com um breve teaser exibido na E3 daquele ano. Desenvolvido pela Platinum Games e publicado pela Square Enix, obviamente o projeto despertou curiosidade, embora na época não foram dados maiores detalhes. Então prometido para o ano seguinte, o projeto se alongou e só foi ver a luz do dia agora em 2022, saindo para PlayStation 4, PlayStation 5 e Steam.

Nesse intervalo de tempo muito pouco do jogo foi mostrado. Mesmo nos meses anteriores ao lançamento, Babylon’s Fall não me pareceu exatamente o centro das atenções das comunicações das empresas envolvidas. Então nada mais justo do que começar entendendo do que se trata o game.

Babylon’s Fall é um jogo de ação que, em termos de gameplay, tenta seguir a cartilha da Platinum Games (Nier: Automata, Bayonetta, Astral Chain). Porém ao contrário dos outros títulos citados não é uma aventura single player mas sim o que chamamos de Game as Service, jogo online com missões cooperativas e atualizações constantes. O mesmo formato de Destiny 2, por exemplo. A primeira coisa que você faz é criar um personagem.

Existem três “classes” disponíveis. E eu coloco entre aspas porque fora o background, não faz diferença qual você escolhe, pois seu personagem pode equipar qualquer arma ou equipamento. Na história, começamos como um prisioneiro/escravo que recebe um Gideon Coffin, dispositivo que, se não te mata, te dá alguns poderes psicocinéticos que, na prática, permitem que usemos 4 armas ao todo.

Como um recém promovido Sentinela, temos que fazer incursões na Ziggurat atrás de tesouros e confrontar ameaças que estejam lá dentro. Por cima desse plot há a jornada do próprio protagonista e seus companheiros sobre alguns segredos que começam a ser descobertos. Não é uma das histórias mais inspiradas mas também não me incomodou.

A forma como ela é contada, por outro lado, deixa a desejar. As cutscenes são de dois tipo: ou com cenas estáticas que fazem alusão a quadros, ou com animações normais do jogo. Em ambos os casos a ideia, penso eu, foi trazer um estilo que lembrasse pinturas a óleo. Conceitualmente bacana mas com uma execução fraca, muito devido aos gráficos do jogo que são bem abaixo da média, mesmo para o PS4. Parece coisa do começo da geração, ou mesmo da era PS3, o que deixa o resultado desinteressante.

No jogo corrido a parte gráfica também não impressiona. Tem algumas tomadas aqui e ali interessantes e, depois do terceiro mundo, começam a aparecer alguns cenários diferentes mas, novamente, é algo que não impressiona nem um pouco. Os efeitos e filtros não conseguem esconder a baixa qualidade dos modelos e texturas. Ao menos o desempenho do jogo foi bom, sem slowdowns ou tropeços de processamento. Ainda assim, falta algo que nos prenda visualmente. Pensando que nesse mesmo mês tivemos coisas como Elden Ring e Horizon: Forbiden West, a situação fica ainda mais feia para o jogo da Platinum.

Vamos falar agora de gameplay. A história de Babylons Fall é contada em diferentes atos, cada um subdividido em um conjunto de missões que podem ser feitas em até quatro pessoas. E cada missão segue o esquema entre correr até uma arena, matar os inimigos e seguir adiante até o chefe. Ao fim de cada missão pegue seus itens, equipe o que for de melhor e segue o ciclo.

Para os apreciadores e pegadores de loot, isso é o que não falta. O drop de cada missão é generoso e mesmo itens iguais podem ter encantamentos diferentes, conferindo bônus diferentes ao jogador. Bom notar que o loot é individual e sempre vai cair do nível do seu personagem.

A maioria das fases são bem lineares, só pelo Ato 3 que temos alguma coisa diferente. O único destaque positivo são as batalhas contra chefes, nesses pontos sim o jogo consegue fazer o seu melhor, algumas são bem divertidas de fato. O problema é chegar nelas.

Também é possível fazer tudo sozinho, mas não recomendo. Embora o jogo ajuste a dificuldade pelo tamanho do grupo, jogar solo é chato e demorado. Se o seu equipamento estiver no nível da fase (o que deve acontecer se estiver progredindo com a história), tu vai perder um bom tempo. Alias, aqui vai mais uma crítica: ao entrar no formador de grupos, depois de um certo tempo (que não é mostrado na tela) o jogo só te manda pra fase e abraço. Se você quiser mesmo jogar em grupo, tem que entrar na missão, abandonar e repetir o processo.

Jogar com amigos também não é nada intuitivo. Não é possível mandar um convite de grupo para alguém da Friend List. Todos tem que estar no mesmo hub e, enquanto um cria a missão, os outros tem que buscar pelo Party Finder. Como o game está meio vazio, se torna um processo tranquilo mas consigo ver alguns problemas nesse sistema. Ah, não posso esquecer de mencionar que o game tem cross play entre PlayStation e PC, ao menos isso.

O que me deixa mais triste nessa falta de brilho nas fases e no gerenciamento de grupos é que as bases do combate em si são boas. Como já citei, podemos equipar 4 armas, entre martelo, espada, escudo, arco e cajado. Cada uma delas funciona de um jeito diferente se usada com o golpe fraco, golpe forte ou no Giddeon Coffin, o que traz uma variedade interessante de estilos. Depois de terminada a campanha podemos obter novos movimentos. Meio tarde, diga-se de passagem, mas eles existem. O grande problema é como essa base foi aproveitada.

Já que mencionei o fim da campanha, uma vez terminada temos acesso a alguns novos modos e missões paralelas. Nada em especial, apenas mais desafios para obter os melhores equipamentos. A promessa é que mais conteúdos serão adicionados no futuro, inclusive um evento com Nier: Automata está previsto.

Babylon’s Fall não chega a ser uma aberração ou algo de outro mundo. Ele simplesmente faz pouco. Mesmo com um sistema de batalha com potencial, a lenta evolução inicial, as mesmice das fases, gráficos fracos e uma trama sem grandes destaques fazem do jogo só mais um na fila do pão. Além de tudo isso, ter sido lançado uma semana depois do gigante chamado Elden Ring não ajudou nada. Muita gente mal se deu conta do lançamento.

Outro ponto negativo é seu modelo de negócios. Um jogo vendido a preço cheio (R$299,99), mais passe de temporada, mais diversos itens cosméticos que não se justifica logo de cara é um tanto quanto complicado. Se fosse um título free to play, ou mesmo com um valor módico, eu até poderia recomendar o game para aqueles que gostam de farm infinito e mesmo para jogar com amigos é interessante. Talvez no futuro o jogo ganhe mais corpo e se torne algo interessante, mas no momento tem muita coisa melhor na frente.

Quer ver como foi parte do meu gameplay? Eu fiz ele em live lá na Twitch, me segue lá!

 

Análise produzida com cópia digital de PS4 cedida pela Square Enix



Bruce

Jornalista, Game Designer e perito na arte das piadas de qualidade questionável. Adora sofrer em soulslike, perder horas em jRPGs e passar a vida no Final Fantasy XIV