Metallica: Um verdadeiro espetáculo em São Paulo
Tenho alguns textos, incluindo uma análise de jogo, para escrever aqui para o site nos próximos dias. Mas não tive como parar tudo no meio e reservar uma meia hora para falar de um dos shows mais espetaculares que já presenciei. Sim, como você já deve ter notado, vou falar da apresentação do Metallica que rolou em São Paulo na noite de ontem, terça-feira,10 de maio, no Estádio do Morumbi.
Antes de tudo vale dar um pouco de contexto. Essa apresentação, que ainda faz parte da turnê do Hardwired…to Self-Destruct, aconteceria originalmente em 2020. Contando o tempo que comprei o ingresso, agosto de 2019, são quase três anos esperando por esse show. Muita coisa mudou nesse tempo, mas cá estamos para colocar as coisas no lugar. E posso afirmar que a espera valeu totalmente a pena!
Não vou comentar sobre as apresentações de abertura do Ego Kill Tallent e do Greta Van Fleet simplesmente porque não as vi. Show no meio de semana no outro lado da cidade tem dessas correrias. Ainda assim, o Morumbi estava absolutamente lotado. Não encontrei números oficiais, mas a capacidade o estádio é 70 mil pessoas em show desse porte. Com certeza tinha tudo isso.
Depois da clássica abertura com Ecstasy of Gold a banda chegou com uma marretada na cara abrindo a noite com a fantástica Whiplash, com uma execução impecável! Na sequência, sem tempo para respirar vem a icônica Ride the Lighting, do álbum de mesmo nome de 1984.
James Hetfield faz então uma pequena pausa para cumprimentar o público. Aproveitou também para fazer uma brincadeira, pedindo para que se alguém fosse ter um bebê durante ao show, já fosse para perto do palco. Estava se referindo ao caso de Curitiba, no qual uma mulher deu a luz durante a apresentação.
A trinca inicial termina com Fuel, que literalmente incendiou o estádio. Nos refrões, labaredas saiam da frente e cima do palco e das torres de som no meio da pista. Fogo suficiente para iluminar todo o estádio. Quem estava mais de frente sentiu a baforada (experiência que já tive em outros shows da banda). Ponto alto da noite. Depois a carreata seguiu com Seek and Destroy, que por muito tempo foi a responsável por fechar os shows da banda.
Algo diferente dessa apresentação em relação as outras que já assisti foi o uso maior dos telões para os interlúdios entre as músicas. O primeiro deles aconteceu para anteceder Holier Than Thou, outra paulada. Depois dessa uma outra introdução: explosões, tiros e sons de guerra. A indicação de que One viria ai, uma das melhores ambientações da noite. Na seguida, Sad But True veio, cantada em uníssono pelo estádio, em uma das melhores execuções que já presenciei.
Pausa para respiro, Hetfield pergunta ao público o que acham de algo do St Anger. E assim vamos para a maior surpresa da noite, com Dirty Window. A música já havia sido executada recentemente, em um dos shows de comemoração de 40 anos da banda no fim de 2021, mas ainda é uma joia raríssima nos setlists. Fiquei feliz que ela entrou no lista de canções da turnê. E sim, eu acho que o St. Anger tem seu valor e essa é uma das melhores do álbum de 2003. A versão ao vivo ganhou até um solinho.
Outra pausa para outra música não muito executada, No Leaf Clover, originária da primeira apresentação da banda com a Orquestra Sinfônica de São Francisco. Ela funciona muito bem ao vivo e novamente o trabalho dos telões para dar um clima especial é de tirar o chapéu, com as luzes de uma cidade ao anoitecer.
Então o Metallica volta aos anos 80 com a dobradinha For Whom the Bell Tolls e Creeping Death, que sempre são tiros certeiros. A velocidade então dá lugar a algo mais “calmo” com Welcome Home (Sanitarium), para depois terminamos essa parte com Master of Puppets, que dispensa comentários.
No encore a banda volta com Spit Out The Bone, única música do álbum mais recente. E a melhor de todas na minha opinião, facilmente entra no meu top 10 da banda. Estava torcendo muito para eles tocarem essa, que apareceu nos shows em Santiago e Buenos Airies, mas tinha saído do setlist nas apresentações de Porto Alegre e Curitiba. A alternância de vocais entre James e Rob Trujillo lembra os bons tempos da turnê do Black Album, quando Jason Newstead ocupava o cargo no baixo.
Depois dessa surra sonora, a queridinha Nothing Else Matters chega para um descanso, sendo cantada a plenos pulmões pelas milhares de pessoas ali presentes. E como de costume a um bom tempo nas apresentações do Metallica, é seguida por Enter Sandman que literalmente fez o Morumbi tremer! Sério, se você nunca foi, o estádio treme mesmo quando todo mundo pula junto!
Provavelmente ainda estou extasiado pela apresentação, mas dos cinco shows que já assisti do Metallica, esse corre o sério risco de ser o melhor, talvez competindo de perto com o de 2010. A energia do quarteto estava afiadíssima, o que ainda é mais impressionante ao lembrar todos já estão quase na casa dos 60 anos de idade. James foi monstruoso na sua performance. Lars, Kirk e Rob também mostraram bastante disposição.
O novo palco com seus efeitos visuais adicionam muito mais ao espetáculo visual, que serve como um ótimo complemento para a performance musical. Mas mesmo sem ele, a essência da banda continua fortíssima. Foi uma longa espera desde a última apresentação e tomara que não demore tanto para a próxima. Eu certamente estarei lá.