Análise: Foreclosed

Um futuro no qual tenhamos implantes cibernéticos e grandes empresas escondem segredos sombrios. Poderia muito bem ser nossa realidade de hoje mas também é a premissa de Foreclosed, novo jogo dos italianos da Antab Studio e que chega para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series S|X, Switch e Steam. Trazendo a temática cyberpunk clássica temos aqui um game com visuais muito interessantes, mas que acaba perdendo uma boa chance de ser algo maior.

Foreclosed conta a história de Evan Kapnos, um homem que acorda um certo dia e descobre que a empresa onde trabalha foi a falência, seus implantes cibernéticos foram desativados e sua identidade apagada dos registros da cidade de Block-chain.  Quando sai de casa para tentar entender o que aconteceu, Kapnos descobriu que havia uma galera que estava muito afim de matar ele sem fazer a menor ideia do porque. Aos poucos ele vai descobrindo que sem saber fazia parte de um esquema maior. O plot não é exatamente o mais original dentro do tema, mas não chega a ser um problema. O protagonista tem um tanto de Max Payne, com aquela voz grave e narrando os acontecimento e desgraças que acontecem na sua jornada.

O que Foreclosed faz de bom é a forma como conta essa trama, com seu estilo totalmente baseado em histórias em quadrinhos. Os desenvolvedores usaram muito bem essa estética não só para os gráficos mas para as onomatopeias na tela e especialmente para os enquadramentos das cenas. Não são raras passagens que os quadros vão evoluindo com diferentes ângulos das cenas, igual uma página de HQ. A parte artística com certeza é o ponto alto.

Os diálogos também são todos exibidos no estilo. É interessante que em vários momentos temos a opção de escolher a resposta que Kapnos irá usar. Nos testes que eu fiz não encontrei nenhum diferencial entre as diferentes opções — a história sempre segue o mesmo rumo —  mas é bacana ter essas variações. Alias bom ressaltar que o game está totalmente em português. Única bola fora é um bug que fez com que o caractere “ã” não apareça.

Até aqui Foreclosed teria tudo para ser um grande jogo, mas ai tenho que falar da jogabilidade e com ela os pontos fracos. Nas partes de ação o game é um shooter bem fraco, a começar pela Inteligência Artificial dos inimigos. Basicamente existem dois tipos de oponentes, o que vão ficar parados atirando sem parar ou que vão andar até você sem parar. Eles não se escondem para se proteger dos seus ataques, não fazem outros movimentos, nada. São só esponjas de balas.

O posicionamento dos adversários também é um problema. Não foram raras as vezes que o game me jogou em arenas com inimigos de vários lados e antes que eu pudesse pensar em algo já estava morto. Mesmo a mecânica de stealth não é aproveitada de forma interessante. Uma vez que qualquer inimigo te veja, todos vão travar a mira em você, mesmo os que vierem em uma segunda ou terceira leva. A movimentação do personagem também nessas partes é bem simplória, e não adiciona muito aos momentos de ação.

Existe um sistema de aprimoramento das suas habilidades dos implantes e da sua arma, como balas explosivas, tiro especial que atravessa escudos, etc. Mas no final das contas eles não fazem tanta diferença por conta desses problemas das lutas, que são um misto de frustração com qualquer coisa. Uma pena.

Foreclosed brilha em toda sua parte estética, trazendo realmente uma Graphic Novel jogável, da paleta de cores usadas ao design de cenários e o método de contar sua história. Seria um grande jogo não fosse a falta de consistência dos combates. É um jogo relativamente curto – umas 5 horas em média – então fãs dessa temática cyberpunk podem encontrar algo interessante aqui. Não chega a ser um game ruim, mas fica aquele gosto que poderia ser mais.

 

Análise produzida com cópia digital de PS4 cedida pela Merge Games

 



Bruce

Jornalista, Game Designer e perito na arte das piadas de qualidade questionável. Adora sofrer em soulslike, perder horas em jRPGs e passar a vida no Final Fantasy XIV